Uma Fraternidade Planetária Significa
Cooperação Entre Civilizações Diferentes
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
Fortalecendo a boa vontade: foto de uma das reuniões de chefes de
estado do BRICS, a proposta global de paz e cooperação que está surgindo.
 
 
 
A humanidade não cria problemas que ela não possa resolver. Cada forma de ignorância desaparece no seu devido tempo, mas a busca da sabedoria permanece.  
 
Nós criamos o nazismo, e nós o derrotamos. Nossos países criaram o pesadelo nuclear – cuja origem, aliás, é nazista – e nós deixaremos para trás este pesadelo, também.
 
A existência e contínua produção de novas bombas atômicas, em arsenais capazes de destruir a vida na Terra, afeta profundamente a nossa perspectiva subconsciente de futuro. Quem pode aproveitar completamente a vida, e construir uma família e educar seus filhos em paz, na presença de armas capazes de eliminar a vida humana em poucas horas, a contar de qualquer momento?
 
Julius Nyerere, o lendário líder africano, escreveu durante os anos 1980:
 
“No mundo moderno, a paz é indivisível. A tecnologia estabeleceu isso. Uma guerra em que seja usada apenas uma fração das armas nucleares causaria um inverno nuclear e tornaria a vida impossível na Terra inteira. Toda forma de vida cessaria na Tanzânia, na Suécia, na Argentina, no México e na Grécia – países que não têm armas nucleares – assim como aconteceria nos países que possuem armas nucleares.” [1]
 
As recentes pesquisas e a produção de bombas atômicas “táticas” parecem ser uma tentativa de tornar o suicídio atômico possível, dando a ele um início modesto e gradual. Mas os fatos básicos permanecem. Não é possível viver em paz na presença de arsenais nucleares.
 
O professor Michel Temer, ex-presidente do Brasil, estava representando o seu país quando afirmou em 2014, durante uma reunião de cúpula sobre segurança nuclear:
 
“Um mundo que aceita armas nucleares será sempre um mundo inseguro. É imperioso eliminar tais armas, que, em razão das catastróficas consequências humanitárias de seu uso, permanecem uma ameaça permanente à humanidade.” [2]
 
Como, então, podemos ficar livres de uma vez por todas do pesadelo suicida das bombas atômicas?
 
Fizemos o melhor possível depois que foi obtido um aparente final da Guerra Fria no começo dos anos 1990. Tentamos um sistema unipolar. Teríamos uma única superpotência sem rivais. Este país extraordinário iria gentilmente liderar e governar o mundo para nós. Ele ajudaria as Nações Unidas a preservar o equilíbrio e o respeito mútuo entre as nações. Um tal país, naturalmente, não poderia se comportar de modo agressivo, atropelando os direitos dos outros países, fomentando guerras, transferindo para outros os seus fracassos econômicos, ou conspirando para derrubar governos de estados soberanos. Este país não poderia se comportar como um tipo brutal e corrupto de “polícia do mundo”. Não. De modo algum. Seria uma nação leal e respeitosa.
 
Mas fracassamos.
 
Durante a década de 2020, fica claro para um número crescente de cidadãos de todos os povos que precisamos de um mundo multipolar, e não de uma só nação que possua o monopólio da liderança global.
 
Viver sob a ditadura de um só país não é uma grande ideia, afinal.
 
Necessitamos de um sistema planetário construído sobre o princípio do equilíbrio de poderes. E isso só pode ser conseguido através de um processo de liderança multipolar e multidimensional, baseado em um sistema de contrapesos e compensações, aberto à mudança, capaz de promover a diversidade cultural e religiosa entre as nações, ao invés de boicotar a diversidade.
 
Como pode ser realizada esta ideia por meios pacíficos?
 
O BRICS é a proposta global de paz e cooperação que está surgindo. Trata-se de um processo prático, começado lentamente vários anos atrás, e não de uma ideia teórica. É uma ponte material e concreta para o futuro, e não exclui povo algum. 
 
Em abril de 2023, uma nova ideia ficou visível para todos ao redor do mundo. Na capital brasileira, o “Correio Braziliense” noticiou:  
 
“Em viagem oficial à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a predominância do dólar nas operações comerciais, e defendeu uma espécie de moeda única para transações entre os países que compõem o bloco do BRICS. ‘Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que não temos o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda, depois que desapareceu o ouro como paridade?’, questionou Lula.” [3]
 
O BRICS é uma coalizão de nações entre as quais não faltam contrastes. Este espaço celebra tanto a diversidade como a ajuda mútua. 
 
O termo BRICS é a sigla de “Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul”. Os cinco países ocupam somados uma área de aproximadamente 40 milhões de quilômetros quadrados, ou cerca de 26% da superfície terrestre do globo, e reúnem mais de 40% da população mundial. Mas vários países influentes na América Latina (entre eles a Argentina) e em outros continentes (como a Arábia Saudita e o Irã) estão já cooperando de perto com o BRICS.
 
Não há espaço no BRICS para racismo ou antissemitismo.  
 
Uma fraternidade planetária necessita respeito mútuo, boa vontade e cooperação entre civilizações radicalmente diferentes.
 
A meta do movimento teosófico é formar um núcleo da fraternidade universal da humanidade, sem distinção de raça, credo, opinião, sexo, religião, casta ou cor. E a fraternidade começa no reino da boa vontade. Nada tem a ver com uniformidade.
 
No plano espiritual assim como na vida da sociedade e na natureza, a diversidade é saudável, mas a monocultura é suicida. Uma regra básica a ser estabelecida e seguida entre as civilizações, começando na década de 2020, é “viver e deixar viver, respeitar a vida, preservar os contrastes culturais.”
 
Outras ideias úteis:
 
* Desistir dos círculos viciosos e doentios da violência, e lembrar que eles começam no pensamento.  
 
* Abandonar o pesadelo das guerras contínuas e da preparação incessante para a guerra.
 
* Aprender a viver em paz consigo mesmo, e com os outros.  
 
* Preservar o ambiente natural por toda parte, porque o planeta é pequeno, e os netos de todos merecem um globo seguro para viver.
 
NOTAS:
 
[1] “The Gaia Peace Atlas”, Survival into the Third Millennium, Foreword by the UN Secretary General, General Editor Dr. Frank Barnaby, PAN Books, London, Sidney and Auckland, copyright 1988, 272 páginas (de tamanho grande), ver página 78.
 
 
[3] Clique para ver a notícia no Correio Braziliense. E em Euronews.
 
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O artigo “O Lado Espiritual do BRICS” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas, LIT, desde 19 de abril de 2023. Trata-se de uma tradução, feita pelo autor, do texto “The Spiritual Side of BRICS”, que foi publicado três dias antes no blog teosófico em “The Times of Israel”.
 
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Veja e coloque em prática:
 
 
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 
 
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