Um Sonho e um Ideal que Conduzem à Felicidade
 
 
Visconde de Figanière
 
 
 
O Visconde de Figanière (1827-1908) e sua esposa Josephine
Hunt de Figanière: em um casal, cada um é a metade de um todo.
 
 
 
Nota Editorial:
 
O casal humano é o centro da família e da civilização. Os aspectos filosóficos do amor que gera vida não são ignorados pelos Mestres de Sabedoria, e um deles escreveu:
 
“…Onde um amor verdadeiramente espiritual busque consolidar-se através de uma união pura e permanente de duas pessoas, no sentido terreno, não há pecado nem crime aos olhos do grande Ain-Soph [1], pois esta é somente a repetição divina dos princípios Masculino e Feminino – o reflexo microcósmico da primeira condição da Criação”. [2]
 
Reproduzimos a seguir, do romance “Palmitos”, do Visconde de Figanière, um fragmento que aborda o tema.  
 
(Carlos Cardoso Aveline)
 
Os Aspectos Superiores do Casamento
 
 
O encontro ou comunhão de duas almas feitas uma para a outra (algo difícil de acontecer nesta vida, e que quando acontece é com frequência demasiado tarde para uma comunhão completa porque outros compromissos foram assumidos) constitui, na verdade, o talismã mais poderoso que pode transformar o mundo num paraíso, seja o paraíso pré-concebido ou não; e que pode dar o tom para todo o círculo da nossa existência.
 
Ele é ainda assim um sonho, uma ilusão do cérebro; alguns dirão que é pura idealidade! Pois que seja assim; e o que é a existência, exceto o ideal? Por que é que o mesmo objeto impressiona diferentes pessoas de maneiras diferentes? Por que motivo alguns veem o mundo como belo e agradável, enquanto outros, colocados em circunstâncias de destino similares, veem o mundo como tedioso e detestável? 
 
Estas próprias perguntas podem inspirar muitas respostas diferentes; mas as reações a elas irão todas unir-se mais ou menos claramente ao ideal, e confirmar o fato de que sem o ideal a existência humana não é possível. Isso vale tanto para o avaro que abraça o seu ouro, e cuja alma nunca encontrou a comunhão e nunca encontrará, embora case uma e outra vez (porque há muitas almas, e a alma do avaro é uma delas, que são unidades fechadas em si mesmas), quanto para aquele que é capaz de amar verdadeiramente, e que, através do processo de reencarnação, tornou sua alma completa, embora fosse – até isso ocorrer – apenas a metade de um todo, voando para lá e para cá sem rumo certo, como um fantasma solitário que avança pelo vácuo.
 
Não devemos tratar de compreender ou realizar tudo repentinamente, mas cabe alimentar o sonho, e felizes são aqueles que podem fazer isso.  
 
NOTAS:
 
[1] Ain-Soph – na tradição da Cabala, o princípio Absoluto e imanifestado. (Nota de “Cartas dos Mestres de Sabedoria”)
 
[2] Carta 19, segunda série, no volume “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, Editora Teosófica, Brasília. Veja as p. 190. Em inglês, veja “Letters From the Masters of the Wisdom – Second Series”, pp. 41-42.
 
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O artigo “Os Aspectos Superiores do Casamento” está publicado nos websites associados desde o dia 15 de agosto de 2020. Carlos Cardoso Aveline fez a tradução deste trecho do romance em língua inglesa “Palmitos”, do Visconde de Figanière. A obra tem três volumes. Ambientado no Brasil, o romance foi escrito enquanto o Visconde morava na Rússia e publicado em Londres em 1873 por T. Cautley Newby Publisher. Veja o vol. I, de 396 pp., nas pp. 196-197. O trecho de Palmitos sobre os aspectos superiores do casamento foi publicado pela primeira vez online na edição de agosto de 2020 de “The Aquarian Theosophist”, pp. 17-18.
 
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