Novas Ideias Não Bastam Para Que
o Ser Humano se Liberte da Ignorância
 
 
Helena P. Blavatsky
 
 
 
Helena P. Blavatsky, em escultura de Alexey Leonov
 
 
 
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Nota Editorial:
 
Os parágrafos a seguir abrem o capítulo II do volume I
da obra “Ísis Sem Véu”, de Helena Blavatsky, edição em
quatro volumes, Ed. Pensamento, SP. A tradução foi revisada
de acordo com o original em inglês, “Isis Unveiled”, e está  
portanto bastante  diferente da edição da Editora Pensamento.
 
(Carlos Cardoso Aveline)
 
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“Quando falha a razão, o orgulho
vem em nossa defesa e preenche o
enorme vazio da falta de bom senso…”
 
A.Pope, em “Essay on Criticism”, 209
 
 
“Mas por que deveriam alterar-se as operações
da natureza? É possível que exista uma filosofia
mais profunda do que aquela com que sonhamos
– uma filosofia que descobre os segredos da
natureza, porém não os altera, ao conhecê-los.”
 
Bulwer-Lytton, em “Zanoni”
 
 
 
Basta ao homem saber que ele existe? Basta que se forme um ser humano para que mereça o nome de HOMEM? Temos a firme opinião e convicção de que, antes de ser uma entidade espiritual autêntica na verdadeira acepção da palavra, o ser humano deve, por assim dizer, criar-se de novo – isto é, eliminar por completo de sua mente e de seu espírito não só a influência dominante do egoísmo e de outras impurezas, mas também a infecção das superstições e do preconceito.
 
O preconceito difere muito do que normalmente chamamos de antipatia ou simpatia. No começo, somos arrastados irresistivelmente e sem perceber para dentro do seu círculo escuro pela influência peculiar e pela poderosa corrente de magnetismo que emana tanto das ideias como dos corpos físicos. Somos cercados por esta influência e finalmente impedidos de sair dela devido à covardia moral – o medo da opinião pública.
 
É raro os homens observarem uma coisa, seja de modo certo ou errado, aceitando por um ato livre a conclusão do seu próprio julgamento. Muito pelo contrário. Por via de regra a conclusão resulta da adoção cega do modo de ver que predomina momentaneamente entre aqueles com quem se associam. O membro de uma igreja não pagará um preço absurdamente caro pelo banco da sua igreja, nem um materialista irá ouvir duas vezes as palestras do sr. Huxley sobre evolução porque pensam que é correto fazê-lo, mas apenas porque o sr. e a sra. Tal-Ou-Qual o fizeram, e tais personagens são Isto-e-Aquilo.
 
O mesmo se aplica a todas as coisas. Se a psicologia tivesse tido o seu Darwin, ter-se-ia demonstrado que do ponto de vista das qualidades morais a origem da humanidade está inseparavelmente vinculada à da sua forma física.[1] O comportamento dos símios domesticados sugere ao observador atento da sua mímica a existência de um parentesco entre eles e os seres humanos ainda mais marcante do que o sugerido pelos indicadores externos que  o grande antropólogo assinala. As muitas variedades do macaco – “caricaturas de nós mesmos” – parecem ter sido criadas com o propósito de fornecer a um certo tipo de pessoas que usa roupas caras o material necessário para suas árvores genealógicas.
 
A ciência está avançando a cada dia, rapidamente para grandes descobertas na área da Química, da Física, da Organologia e da Antropologia. Os seres humanos cultos deveriam estar livres de qualquer tipo de preconceito ou superstição; entretanto, embora o pensamento e a opinião sejam agora livres, os cientistas ainda são os mesmos homens de outrora. É um sonhador utópico aquele que pensa que o ser humano em algum momento se modifica com o desenvolvimento e a evolução de novas ideias. O solo pode ser bem fertilizado e preparado para produzir a cada ano uma variedade de frutos maior e mais abundante; mas, se você cavar um pouco mais fundo que a camada necessária à colheita, irá encontrar no subsolo a mesma terra que havia antes da primeira passagem do arado.
 
NOTA:
 
[1] Escrevendo em 1879, quando foi publicada a obra “Ísis Sem Véu”, Blavatsky está aqui de certo modo prevendo o futuro. Sigmund Freud poderia ser chamado de “o Darwin da Psicologia”. A psicanálise freudiana estava completa e estabelecida no ano de 1902. (CCA)
 
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
 
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