Antes da Vitória Durável, As Ilusões
Devem Ser Destruídas pela Lei do Carma
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
 
 
* O autorrespeito permite estabilidade, e todo peregrino espiritual precisa uma base firme de onde possa observar o saber infinito.
 
* A palavra “vida” é sinônimo de “movimento”: uma mente aberta examina os fatos desde vários pontos de vista, antes de tomar uma decisão.
 
* A correta concentração da mente amplia os horizontes, ao mesmo tempo que os purifica e eleva. Uma consciência dispersa é estreita, enquanto a mente focada pode apreciar ideias novas.
 
* A mente aberta não é volúvel, e a mente volúvel não possui horizontes amplos.
 
* O mundo da alma tem uma atmosfera própria. Nela o coração altruísta enxerga com clareza.
 
* Pense o melhor, faça o melhor, e nunca se afaste da voz mais sábia que alguém pode escutar: a voz do silêncio. Uma compreensão profunda produz desapego enquanto fortalece a afinidade interior.
 
* Quem vive o presente de maneira correta leva em conta o futuro e assume a responsabilidade por ele. Somos todos corresponsáveis pelo que vem até nós e pelo que virá.
 
* O hábito de pensar no que há de mais elevado faz com que nasça um sentido eficiente de orientação diante da vida. O tempo e a energia são usados de modo mais eficaz, quando preservamos um contato sem palavras com a fonte de inspiração interior.
 
* Há ensinamentos teosóficos que parecem óbvios, e no entanto são difíceis de lembrar, exigindo uma força de vontade suprema para serem colocados em prática. Um deles afirma: “A verdadeira autoestima é inseparável de um profundo sentimento de boa vontade para com todos. Uma tal boa vontade deve ser complementada por um discernimento severo e um realismo prudente.”
 
* Uma cortesia sincera para com todos contém em si a substância da fraternidade universal.
 
* O que eu penso precisa estar em harmonia com o que digo, sinto, e faço. Pensamentos, ações, emoções e intenções devem ser coerentes entre si, ainda que esta coerência seja certamente humana e imperfeita. Sempre posso melhorar. Devo ser tolerante com os outros, e irradiar a eles incondicionalmente a boa vontade que gostaria que tivessem em relação a mim.
 
* O que é bom não é sempre confortável, conforme esclarecem Musônio Rufo e a filosofia esotérica autêntica. Um ditado popular luso-brasileiro ensina: “O que arde cura, o que aperta segura”. De fato, a bem-aventurança é desafiadora: o conhecimento teosófico implica um certo grau de estoicismo e de tapah, austeridade.
 
* O cumprimento do dever mais duro e desagradável será uma fonte de felicidade duradoura se estivermos conectados com força suficiente à nossa alma espiritual.
 
* A quantidade de paz externa que há em qualquer tempo na civilização humana é um reflexo direto do nível de paz que há nos corações. E o mesmo vale para a ausência de paz. Tudo o que ocorre na sociedade aconteceu, antes, na mente.
 
* Um pequeno número de pessoas ativamente altruístas faz uma diferença decisiva no Carma coletivo. Um exemplo bíblico do poder sagrado dos Poucos – mencionado por Helena Blavatsky em várias das suas obras – pode ser visto em Gênesis, 18, e Gênesis, 19.
 
* A bem-aventurança produzida nos corações dos que buscam a sabedoria pode neutralizar as possibilidades mais graves dos conflitos militares e tornar inviáveis outras formas de ignorância ao redor do mundo.
 
* A ideia de “manifestar” alguma coisa, ou tornar algo visível, significa também “ocultar” e deixar de lado a sua essência indescritível. A natureza interna da realidade deve ser percebida em silêncio, sobre a base das indicações dadas com ajuda de palavras e de outros modos, mas num plano que fica livre de toda intermediação. Esta lei oculta opera na manifestação dos mundos, no surgimento dos globos e na reencarnação das almas. Está presente no nascer diário do sol e regula cada ciclo de vida ao longo do universo.
 
* Embora seja popular em círculos pseudoesotéricos, é pior que inútil a “paralisia mística da alma” procurada pelos seguidores de Jiddu Krishnamurti. A pseudocontemplação “sem escolhas” expande problemas como a ignorância espiritual e a falta de um sentimento ético.
 
* Cada estudante de teosofia deve testar a sua própria vontade espiritual em ações altruísticas diárias. Deve observar os resultados práticos, anotar as lições ainda por aprender, e tentar outra vez com atitude humilde e uma visão de longo prazo.
 
* Em teosofia, o tipo certo de silêncio é produzido pelo equilíbrio e pela harmonia complementar entre os diferentes pontos de vista, uma vez que eles sejam pelo menos parcialmente verdadeiros. Mas antes da vitória durável, as ilusões devem ser destruídas pela lei do carma.
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Uma versão inicial dos pensamentos acima foi publicada de modo anônimo na edição de março de 2015 de “O Teosofista”.
 
Embora o título “Ideias ao Longo do Caminho” corresponda ao título em língua inglesa “Thoughts Along the Road”, do mesmo autor, não há uma identidade exata entre os conteúdos das duas coletâneas de pensamentos.
 
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