Há uma Vida Imortal em Cada
Ser, e as Florestas São Catedrais
 
 
Aleixo Alves de Souza
 
 
 
 
 
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Nota Editorial de 2017:
 
Os poemas a seguir são reproduzidos do livro
Écos do Meu Silencio”, de Aleixo Alves de Souza,
Rio de Janeiro, 95 pp., 1937, ver pp. 38 e 55. Não
há indicação de editora. A ortografia foi atualizada.
 
O ser humano é contraditório, e desenvolver o
discernimento espiritual constitui tarefa árdua que só
se realiza pouco a pouco. Ingênuo, Aleixo apoiou as
ilusões pseudoteosóficas da primeira metade do século
vinte.[1] Acreditou em fantasias ritualistas, como ainda
fazem milhões de pessoas honestas em todo o mundo.
Ao mesmo tempo foi um místico, um teosofista sincero
e um estudante de filosofia esotérica de mérito inegável.
 
(Carlos Cardoso Aveline)
 
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1.Tronco Decepado
 
Um dia, o aço contundente e fero
De um machado, reluz sinistramente.
E um braço vigoroso, abre, severo,
De anoso tronco o âmago potente.
 
Fende o ar o gigante, ao revérbero
Do polido metal, impenitente.
E a fronde torce o ramalhal virente [2]
Numa angústia fantástica de Homero.
 
Não mais o reflorir calmo, de outrora;
Não mais zumbir de enxames, ao conforto
Da abundância, do mel, da luz, da aurora…
 
Quedo-me ao ver-te, – ó tronco! – mudo e absorto:
– Se bem que imortal a Vida que em ti mora,
Sinto a tristeza do teu cerne morto…
 
 
2.Florestas
 
Ó grandes catedrais de ramaria espessa
Que a abóbada formam de uma imensa e verde nave:
Ouvindo o farfalhar das frondes, que não cessa,
Julgo escutar, de um órgão, o som pausado e grave.
 
Ocultos na folhagem, em revoada travessa,
Há gorjeios, canções, pios canoros de ave
Que o rumor da cascata e do vento atravessa,
Marcando à sinfonia um ritmo augusto e suave.
 
Pausas da penedia [3] onde se quebra o vento!
Hiatos de orquestração, sem um ai, um lamento, –
Sois como altar onde arde o fogo êxul [4] dos céus…
 
Lagos, rios, vegetais, arroios, – vem de tudo,
De tudo quanto fala e tudo quanto é mudo,
O eterno murmurar da Eterna Voz de Deus. [5]
 
 
NOTAS:
 
[1] Veja em nossos websites associados, entre outros, os artigos “Bispo Católico Visita Plantações em Marte”, “Besant Anuncia Que é Mahatma”, “Leadbeater Diz Que Matou Brasileiros”, “Fabricando um Avatar” e “Krishnamurti e as Ilusões Besantianas”. (CCA)
 
[2] Virente: florescente, verdejante. (CCA)
 
[3] Penedia: grupo de rochas. (CCA)
 
[4] Êxul: exilado. (CCA)
 
[5] Em teosofia não há um deus monoteísta, mas uma pluralidade ilimitada de divindades nos mais diversos planos da realidade. O fato de que um deus “único” não existe fica claro se olharmos para o mundo das religiões monoteístas,  regido há milhares  de anos pela neurótica  disputa de poder entre numerosos deuses – cada um deles supostamente “único e onipotente” – que procuram prejudicar uns aos outros usando meios quase sempre questionáveis.  (CCA)
 
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Aleixo Alves de Souza foi eleito presidente da Sociedade Teosófica no Brasil em 1937, permanecendo no cargo até 1946. Vale a pena ler o seu artigo “O Que a Teosofia Ensina”; e há outros poemas dele publicados em nossos websites.
 
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Sobre a história do movimento teosófico no Brasil, veja em nossos websites associados os artigos “Breve Histórico da Teosofia no Brasil”, “Leadbeater Diz Que Matou Brasileiros”, “Bispo Católico Visita Plantações em Marte”,  “A Teosofia no Brasil”, “Besant Anuncia Que é Mahatma”, “Origem do Movimento Teosófico no Brasil” e “A Fraude da Escola Esotérica”. 
 
Outros exemplos de  textos de interesse histórico disponíveis em nosso acervo online: “Carta de Seidl Para Gervásio, Sem Data”, “Como Surge a Loja Rio de Janeiro”, “Krishnamurti e a Teosofia”, “Fabricando um Avatar”, “Celebrando o Dia Oito de Maio”, “Krishnamurti e as Ilusões Besantianas”, “O Racismo em Nome da Teosofia”, “A Teosofia e a Segunda Guerra Mundial” e “Prelúdio Para Um Irmão Que Parte”.
 
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Em 14 de setembro de 2016, depois de uma análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu criar a Loja Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um futuro saudável
 
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