Pomba Mundo
 
Primeira Regra Para Todo Aprendiz:
‘Antes de Desejar, Faça por Merecer’
 
 
Helena P. Blavatsky
 
 
 
H. P. Blavatsky (1831-1891)
 
 
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Nota Editorial:
 
O artigo a seguir foi traduzido do volume
I, pp. 308-314, de “Theosophical Articles”,
H.P. Blavatsky, Theosophy Company, Los
Angeles, 1981, edição em três volumes. O texto
foi publicado inicialmente no Suplemento  da
revista “The Theosophist”, na Índia, em julho
de 1883. Título original: “Chelas and Lay Chelas”.
 
(Carlos Cardoso Aveline)
 
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“O chela é chamado a enfrentar não só as más
inclinações latentes na sua natureza, mas também
todo o conjunto de poder maléfico acumulado
pela comunidade e pela nação a que ele pertence.”
 
 
 
Como a palavra Chela, entre outras, já foi introduzida pela Teosofia na nomenclatura da metafísica ocidental, e a circulação da nossa revista está sendo constantemente ampliada, será correto dar uma explicação mais clara sobre o significado deste termo e as regras do Chelado – pelo menos para benefício dos nossos membros europeus, se não dos orientais. Um “chela” é alguém que se ofereceu como aluno para aprender na prática “os mistérios ocultos da Natureza e os poderes psíquicos latentes no homem”. O instrutor espiritual a quem ele propõe a sua candidatura é chamado na Índia de Guru; e o verdadeiro Guru é sempre um Adepto na Ciência Oculta. Um homem de profundo conhecimento, exotérico e esotérico, especialmente este último; alguém que colocou a sua natureza carnal sob o controle da Vontade; que desenvolveu em si mesmo tanto o poder (Siddhi) de controlar as forças da natureza, como a capacidade de descobrir os segredos dela com a ajuda dos poderes do seu próprio ser, antes latentes, mas agora ativos – este é o verdadeiro Guru.
 
Oferecer-se como candidato ao chelado é bastante fácil. Transformar-se em um Adepto é a mais difícil tarefa que um homem poderia empreender. Há um grande número de homens que “nasceram” naturalmente poetas, matemáticos, mecânicos, estadistas, etc., mas é praticamente impossível que alguém nasça naturalmente como um Adepto. Porque, embora ouçamos falar de tempos em tempos – raramente – de alguém que tem uma capacidade extraordinária, inata, para adquirir conhecimento e poder oculto, no entanto este indivíduo tem que passar pelos mesmos testes e provações, e deve realizar o mesmo autotreinamento que qualquer outro aspirante menos favorecido. Nesta questão, é completamente verdadeiro o fato de que não há caminho especial algum pelo qual possam viajar os favoritos.
 
Durante séculos a seleção de chelas – fora do grupo hereditário dentro do gon-pa (templo) – tem sido feita pelos próprios Mahatmas dos Himalaias a partir do contingente, numeroso no Tibete, de místicos naturais. As únicas exceções têm ocorrido no caso de ocidentais como Fludd [1], Thomas Vaughan, Paracelso, Pico della Mirandola, Conde de St. Germain, etc., cuja afinidade de temperamento com esta ciência celestial forçou – pouco mais ou menos – os distantes Adeptos a entrar em relações pessoais com eles, e os capacitou a adquirir proporções pequenas ou grandes da verdade total, conforme as possibilidades dos seus contextos sociais. No livro IV de Kiu-Te, capítulo sobre “as Leis de Upasanas”, nós vemos que as qualificações esperadas de um chela eram:
 
1.Perfeita saúde física;
 
2.Absoluta pureza mental e física;
 
3.Inegoísmo de propósito; caridade universal; piedade por todos os seres animados;
 
4.Sinceridade e fé inabalável na lei do carma, independentemente de qualquer poder que possa interferir; uma lei cuja operação não pode ser obstruída por nenhuma intervenção, nem pode ser levada a desviar-se por orações ou cerimônias propiciatórias exotéricas;
 
5.Uma coragem indômita em qualquer emergência, mesmo quando há perigo de vida.
 
6.Uma percepção intuitiva de que se é um veículo da manifestação de Avalokitesvara, ou Atma Divino (Espírito);
 
7.Calma indiferença em relação a (mas também uma justa apreciação de) tudo o que constitui o mundo objetivo e transitório, em sua relação com as regiões invisíveis.
 
Estas, pelo menos, devem ter sido as recomendações para alguém que aspirasse ao perfeito chelado. Com a única exceção do primeiro ponto, que em casos raros e excepcionais pode ser modificado, tem-se insistido invariavelmente em cada um destes pontos, e todos eles devem ter sido mais ou menos desenvolvidos na natureza interna do chela através de ESFORÇOS SEM AJUDA, antes que ele possa ser realmente colocado à prova.
 
Quando o asceta, em sua evolução autônoma – esteja no mundo ativo ou fora dele -, houver colocado a si próprio, de acordo com a sua capacidade natural, acima de (e portanto tiver passado a ser um mestre de seus) – (1) Sharira – corpo; (2) Indriya – sentidos; (3) Dosha – erros ou falhas; (4) Dukkha – sofrimento; e estiver pronto para tornar-se um com seu Manas – a mente; seu Buddhi – intelecto ou inteligência espiritual; e Atma – a alma mais elevada, isto é, espírito… Quando ele estiver pronto para isso, e ainda mais, para reconhecer em Atma o governante supremo do mundo das percepções, e na Vontade a mais alta energia (poder) executiva, então ele poderá, de acordo com as regras consagradas pelo tempo, ser levado mais adiante por um dos Iniciados. Poderá então ser mostrado a ele o misterioso caminho em cujo longínquo final é ensinado ao chela o discernimento infalível de Phala, os frutos das causas produzidas, e ele poderá aprender os meios para alcançar Apavarga – a emancipação da dor dos nascimentos repetidos (em cuja determinação o ignorante não pode influir), e assim evitar Pratya-Bhava – a transmigração.
 
Mas desde o advento da Sociedade Teosófica, uma de cujas árduas tarefas foi acordar de novo na mente Ariana a memória adormecida da existência desta Ciência e daquelas capacidades humanas transcendentes, as regras para a seleção de chelas ganharam de certo modo uma pequena flexibilidade. Muitos membros da Sociedade, vendo os pontos acima comprovados na realidade, pensaram acertadamente que se outros já haviam alcançado a meta, eles também poderiam atingi-la percorrendo o mesmo caminho, caso estivessem interiormente preparados – e pressionaram para serem aceitos como candidatos. Como seria uma interferência sobre o Carma negar a eles a possibilidade pelo menos de começar – e como eles eram tão insistentes – foi-lhes concedido o que queriam. O resultado tem sido muito pouco encorajador até o momento, e foi com o objetivo de mostrar a estes infelizes a causa da sua derrota, assim como para alertar a outros sobre o perigo de avançar impensadamente em direção a um destino similar, que foi dada uma ordem no sentido de que este artigo fosse escrito. Os candidatos, embora amplamente advertidos com antecedência para não fazê-lo, começaram errando ao olhar com egoísmo para o futuro e perder de vista o passado. Esqueceram que não haviam feito nada para merecer a rara honra da seleção; nada que justificasse a sua expectativa de tamanho privilégio; e que não podiam orgulhar-se de nenhum dos méritos enumerados acima. Como homens do mundo egoísta e sensual, fossem casados ou solteiros, comerciantes, empregados civis ou militares, ou membros das camadas intelectualizadas, eles haviam estado em uma escola voltada para fazer com que se identificassem com a natureza animal, e não para desenvolver suas potencialidades espirituais. E no entanto cada um e todos eles tiveram a vaidade suficiente para supor que em seu caso seria feita uma exceção à lei estabelecida há incontáveis séculos, e como se, de fato, a sua pessoa fosse um novo Avatar! Todos esperavam receber ensinamentos sobre coisas ocultas, e esperavam receber poderes extraordinários porque – bem, porque haviam ingressado na Sociedade Teosófica. Alguns haviam sinceramente decidido corrigir as suas vidas e renunciar às suas más práticas; devemos fazer-lhes justiça.
 
No começo todos foram recusados, começando pelo próprio presidente da S.T., o coronel H.S. Olcott; e com relação a este cavalheiro não há mal em dizer que ele não foi aceito como chela enquanto não comprovou, por mais de um ano de trabalho devotado e com uma determinação inabalável, que poderia ser testado com segurança. Então vieram reclamações de todos os lados – de hindus, que deveriam compreender melhor a questão, e de europeus, que, naturalmente, não tinham condições de saber nada sobre as regras. O clamor era que, se pelo menos alguns teosofistas não tivessem a possibilidade de tentar, a Sociedade não poderia persistir. Todas as outras características nobres e inegoístas do nosso programa eram ignoradas: o dever de um homem para com o seu próximo, para com seu país, seu dever de ajudar, esclarecer, encorajar e elevar os mais fracos e menos favorecidos que ele; tudo era esquecido na corrida insana pelo adeptado. A busca de fenômenos, fenômenos, fenômenos, ressoava por todos os lados, e os fundadores eram dificultados no seu trabalho real e molestados insistentemente para que intercedessem junto aos Mahatmas, contra os quais eram feitas, na verdade, as queixas, embora os seus pobres agentes tivessem que receber todas as bofetadas. Finalmente, veio o recado das autoridades mais elevadas no sentido de que uns poucos, entre os candidatos que mais pressionavam, poderiam ser aceitos, e isto com base no que estas pessoas haviam declarado.  
 
O resultado da experiência mostra talvez melhor do que qualquer quantidade de explicações o que o chelado significa, e quais são as consequências do egoísmo e da temeridade. Cada candidato foi avisado de que deveria esperar durante anos, em qualquer caso, antes que a sua adequação estivesse comprovada, e de que ele deveria passar por uma série de testes que trariam para fora tudo o que havia nele, fosse bom ou mau. Quase todos eram homens casados e por isso foram designados de “chelas leigos” – uma expressão nova em línguas ocidentais, mas que tem há muito tempo seus equivalentes nas línguas asiáticas. O chela leigo é apenas um homem do mundo que afirma seu desejo de tornar-se sábio nas coisas espirituais. Virtualmente, cada membro da Sociedade Teosófica que assume o segundo dos nossos três “Objetivos Declarados” é um chela leigo, porque, embora não esteja entre os verdadeiros discípulos, tem a possibilidade de tornar-se um deles, já que passou através do limite que o separava dos Mestres, e colocou-se, de certo modo, no seu campo de observação. Ao ingressar na Sociedade e comprometer-se a ajudar no seu trabalho, ele fez um voto de que agiria em alguma medida em consonância com aqueles Mahatmas, por cuja ordem a Sociedade foi organizada, e sob cuja proteção condicional ela permanece. O ingresso é portanto uma apresentação; todo o resto depende inteiramente do próprio membro, e ele não deve nunca esperar nem a mais distante aproximação à “boa vontade” dos nossos Mahatmas, nem de qualquer outro Mahatma no mundo – se algum deles consentisse em ser conhecido – sem que o fato tenha sido conquistado por mérito pessoal. Os Mahatmas são servidores, não árbitros da Lei do Carma. O CHELADO LEIGO NÃO DÁ PRIVILÉGIO A NINGUÉM, EXCETO O PRIVILÉGIO DE TRABALHAR PARA OBTER MÉRITO, SOB A OBSERVAÇÃO DE UM MESTRE. E o fato de aquele Mestre ser visto ou não pelo chela não faz qualquer diferença no resultado: seus bons pensamentos, suas boas palavras e seus bons atos darão frutos, e suas más atitudes também. Contar vantagem sobre chelado leigo, ou falar disso a todo o mundo, é o caminho mais seguro para reduzir a relação com o Guru a um mero nome vazio, porque é evidência inegável da sua vaidade e da sua inadequação para um progresso futuro. Durante anos nós temos ensinado por toda parte um axioma: “antes de desejar, faça por merecer” intimidade com os Mahatmas.
 
Há uma lei terrível operando na natureza, uma lei que não pode ser alterada, e cuja ação esclarece o aparente mistério da seleção de certos “chelas” que se tornaram tristes exemplos em relação à moralidade, nestes últimos anos. O leitor lembra do velho provérbio – “deixe que fiquem quietos os cães que estão dormindo”? Há um enorme significado oculto nele. Nenhum homem ou mulher conhece sua força moral até o dia em que essa força é testada. Milhares de pessoas passam pela vida de modo muito respeitável porque nunca são postos à prova. Este é um truísmo, sem dúvida, mas extremamente pertinente neste caso. Aquele que decide tentar o chelado desperta, por este mesmo ato, e leva a um grau de desespero, cada paixão adormecida de sua natureza animal. Porque este é o começo de uma luta pelo poder em que nenhuma trégua deve ser dada ou recebida. É, de uma vez por todas, “Ser ou não Ser”; a vitória significa o ADEPTADO; o fracasso, um Martírio ignóbil; porque cair vítima da luxúria, orgulho, avareza, vaidade, egoísmo, covardia, ou qualquer outra das tendências inferiores é de fato ignóbil, se for medido pelo padrão do que é verdadeiramente humano. O chela é chamado a enfrentar não só as más inclinações latentes na sua natureza, mas também todo o conjunto de poder maléfico acumulado pela comunidade e pela nação a que ele pertence. E isso porque ele é uma parte integral daqueles agregados, e os fatores que afetam tanto o homem individual como o grupo (cidade ou nação) reagem um sobre o outro.  Nesta instância a luta dele pela bondade destoa do conjunto da maldade em seu meio ambiente, e atrai a fúria deste conjunto contra si. Se ele estiver contente de conviver com seus vizinhos e ser quase como eles são – talvez um pouco melhor, ou pior que a média – pode ser que ninguém o perceba. Mas se for sabido que ele conseguiu detectar as zombarias falsas da vida social, sua hipocrisia, egoísmo, sensualidade, cupidez e outras más características, e que decidiu elevar a si mesmo a um nível mais alto – ele será imediatamente odiado, e cada natureza má, fanática ou maliciosa mandará a ele uma corrente de força de pensamento opositora.
 
Se for intrinsecamente forte ele se verá livre disso, do mesmo modo como um nadador poderoso atravessa veloz a corrente que arrastaria a outro mais fraco. Mas, nessa batalha moral, se o chela tiver uma  só falha oculta – faça ele o que fizer, ela virá à luz do dia. O verniz das coisas convencionais com que a “civilização” nos cobre deve ser retirado até a última camada, e o Eu Interior, nu e sem o menor véu para esconder a sua realidade, é exposto. Os hábitos da sociedade que mantêm os homens até certo ponto dentro de alguns limites morais e que os levam a prestar homenagem à virtude parecendo ser bons, quer sejam bons ou não – estes hábitos tendem então a ser todos esquecidos; estas restrições e limites tendem a quebrar-se completamente pela tensão e pelo esforço do chelado. O chela está agora em uma atmosfera de ilusões – Maya. O vício assume sua expressão mais sedutora, e as paixões tentadoras tentam levar o aspirante inexperiente às profundezas da degradação psíquica. Este não é um caso como o descrito por um grande artista, em que Satã é visto jogando uma partida de xadrez com um homem e apostando sua alma, enquanto o bom anjo protetor deste homem fica a seu lado para aconselhá-lo e assisti-lo. Porque o conflito é entre a vontade do chela e a sua natureza carnal, e o Carma proíbe que qualquer anjo ou Guru interfira até que o resultado seja conhecido.
 
Com o caráter intenso das fantasias poéticas, Bulwer Lytton idealizou esta situação em seu livro “Zanoni”, uma obra que sempre será elogiada pelos ocultistas; enquanto que em seu livro “Strange Story” [“Uma História Estranha”] ele mostrou com igual talento o lado negro da pesquisa oculta e os seus perigos mortais. O chelado foi definido há algum tempo por um Mahatma como “um solvente psíquico, que consome toda impureza e deixa apenas o ouro puro”. Se o candidato tiver latente a cobiça ou inclinação por dinheiro, ou por tramas políticas, por um ceticismo materialista, por um exibicionismo vaidoso, por palavras e declarações falsas, crueldade ou gratificação sensual de qualquer tipo, os germes quase certamente se desenvolverão; e o mesmo ocorrerá, por outro lado, com tudo o que diz respeito às qualidades nobres da natureza humana. O homem real vem para fora. Não será uma completa loucura, então, que alguém deixe o caminho suave da vida comum para escalar os penhascos, sem uma razoável certeza de que tem em si a substância adequada?  Bem diz a Bíblia: “Assim, pois, aquele que julga estar em pé, tome cuidado para não cair” [2], um texto que os supostos chelas deveriam estudar bem, antes de atirar-se de cabeça ao combate! Teria sido muito bom para alguns de nossos chelas leigos se eles tivessem pensado duas vezes antes de desafiar os testes. Nós sabemos de vários fracassos lamentáveis em um período de 12 meses. Um ficou mal da cabeça, rejeitou sentimentos nobres expressados poucas semanas antes, e tornou-se membro de uma religião que ele havia recentemente provado, com desdém e de modo irrespondível, que era falsa. Outro tornou-se delinquente e fez desaparecer o dinheiro de seu empregador – que também era teosofista. Um terceiro entregou-se a grossa libertinagem, e confessou o fato com lágrimas e soluços inúteis, ao Guru que havia escolhido. Um quarto envolveu-se com uma pessoa do sexo oposto e abandonou seus amigos mais queridos e verdadeiros. Um quinto mostrou sinais de aberração mental e foi levado ao tribunal com acusações de conduta vergonhosa. Um sexto matou-se com um tiro para escapar às consequências da criminalidade, na iminência de ser descoberto! E assim poderíamos prosseguir com mais exemplos. Todos estes eram aparentemente buscadores da Verdade e, no mundo, passavam por pessoas respeitáveis. Externamente, eram altamente elegíveis como candidatos ao chelado, segundo as aparências; mas “por dentro tudo era podridão e ossos de cadáveres” [3]. O verniz do mundo era tão grosso que escondia a ausência de ouro verdadeiro no interior, e com o “solvente” fazendo seu trabalho, o candidato comprovava a cada momento ser apenas uma figura pintada de ouro, mas cuja substância era de lixo moral, do início ao fim….
 
Até aqui nós abordamos, é claro, apenas os fracassos entre os chelas leigos; mas também têm havido êxitos parciais, e estes estão passando gradualmente pelos primeiros estágios da sua provação. Alguns estão se tornando úteis à Sociedade e ao mundo em geral através do bom exemplo e da boa palavra. Se eles persistirem, será bom para eles e bom para todos nós: as chances são ameaçadoramente contrárias a eles; mas ainda assim “não há Impossibilidade para aquele que QUER”. As dificuldades no chelado nunca serão menores enquanto a natureza humana não mudar e um novo tipo de ser humano não surgir. São Paulo (Rom. VII, 18-19) poderia estar pensando em um chela quando disse: “Querer o bem está ao meu alcance, não porém o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero”. E no sábio “Kiratarjuniya”[4], de Bharavi,  está escrito:
 
                                  “Os inimigos que se erguem dentro do corpo,
                                  Difíceis de derrotar – as más paixões –
                                  Devem ser vigorosamente combatidos; quem os derrota
                                  É igual àquele que conquista mundos inteiros” (XI, 32).
 
 
 
[Suplemento de “The Theosophist”, julho de 1883]
 
 
NOTAS:
 
[1] Robert Fludd, místico inglês do século XVI, médico e Rosa-Cruz, que viajou pela Europa e tinha uma visão panteísta do mundo. (CCA)
 
[2] I Coríntios 10:12. (CCA)
 
[3] Mateus 23: 27-28. (CCA)
 
[4] “Kiratarjuniya” – poema que descreve o combate entre Shiva, disfarçado de um Kirata ou habitante das florestas e das montanhas a leste do Hindustão, e o príncipe Arjuna. (CCA)
 
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O artigo acima foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas em torno de 2010, isto é, bem antes da fundação da Loja em 2016. A tradução é de CCA.
 
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
 
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Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
 
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