Pomba Mundo
 
Um Poema Sobre a
Sabedoria da Tradição Maçônica
 
 
Múcio Teixeira
 
 
aum-com-mold
 
Pirâmides de  Gizé, no Egito
 
 
 
A-u-m… esta palavra sagrada poderosa
nunca deve ser pronunciada muito alto, quando
as trevas espirituais nos envolvam, ou quando os
membros da Nossa Ordem estiverem presentes.
 
(Van der Naillen)
 
 
 
Memento, homo, qui Deum
est, et in Deum reverteris.[1]
 
 
 
Há na maçonaria
Claros vestígios do sagrado rito
Que nas priscas idades florescia
No topo das Pirâmides do Egito.[2]
 
Mais de quarenta séculos passaram
Sob o giro dos corpos planetários,
E as gerações de espanto recuaram
Ante esses Três Arcanos solitários.
 
Imóveis, como estátuas levantadas
No duro chão dos frios cemitérios,
Encerram as Pirâmides sagradas,
       Setenta e três Mistérios…
 
Eram elas os templos primitivos
       Onde se iniciavam
Nos Segredos da Morte os seres vivos
Que as vivas leis da Morte desvendavam. [3]
 
Inda hoje vemos, nos iniciados
Do principesco grau de Rosa-Cruz,
Símbolos – que já eram explicados
Muitos séculos antes de Jesus.
 
Moisés e Salomão, almas celestes,
Derramam sobre nós forças ocultas;
E ostentam-se, mais firmes que os ciprestes,
A sombrear vegetações incultas…
 
Santo Agostinho sintetiza a ideia
Do Magismo da Pérsia em Zoroastro:
Nesse tempo em que os sábios da Caldeia
Passeavam à noite de astro em astro!…
 
De Mêmfis [4] na janela de granito
– Invisível aos olhos dos ateus –
Serve o Carma de escada do infinito
Por onde a Aura nos conduz a Deus.
 
(Rio de Janeiro, 1900)
 
 
NOTAS:
 
[1] Tradução do Latim: “Lembra-te, homem, de quem é Deus, e a Deus voltarás.”  Quem é Deus para a filosofia esotérica?  Não é “alguém”. Os deuses monoteístas fabricados pelas várias igrejas cristãs não existem. A palavra “deus” gera grande quantidade de confusão, guerras e manipulação mental e emocional. Existe, isto sim, uma pluralidade de inteligências divinas. No singular, existe a Lei Universal. (Carlos Cardoso Aveline)
 
[2] Embora a tradição maçônica seja respeitável e a sua filosofia tenha alguns dos seus principais pontos em comum com a filosofia esotérica, as organizações maçônicas ritualistas estão descaracterizadas desde início do século 19, e afastaram-se da autenticidade, mantendo aqui e ali sinais da antiga luz. Helena Blavatsky escreveu sobre isso em “Ísis Sem Véu”. As falsificações pseudomaçônicas fabricadas por Annie Besant e outros desinformados do século 20 são especialmente infelizes e daninhas para a tradição de autêntica ética e sabedoria. (CCA)
 
[3] Um Mahatma dos Himalaias escreveu: “…Aquele que possui as chaves dos segredos da Morte é possuidor das chaves da Vida.” (“Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica, Volume II, p. 315.) (CCA)
 
[4] Mêmfis, nome antigo de Gizé, onde estão as principais pirâmides do Egito antigo. Mêmfis foi a capital do Egito na época das pirâmides. (CCA)
 
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O poema “Aum” é reproduzido do volume “Terra Incógnita”, de Múcio Teixeira, Casa Duprat Editora, São Paulo, 1916, 407 pp., ver pp. 183-185. Título original: “Aoum”. A ortografia foi atualizada. O poeta Múcio Teixeira nasceu em 13 de setembro de 1857 e viveu até agosto de 1926.
 
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
 
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Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
 
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