Pomba Mundo
 
Para Entender Nossos Sonhos,
Devemos Primeiro Entender a Nós Mesmos
 
 
The Theosophical Movement
 
 
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O texto a seguir foi publicado pela
primeira vez pela revista teosófica
internacional “The Theosophical
Movement”, na Índia, edição de
outubro de 2004, pp. 403-405. Título
original: “Dream Experiences”.
 
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Embora sejam um tema de experiência e de interesse universais, os sonhos são pouco compreendidos. É verdade que há um interesse generalizado por conhecer textos sobre experiências durante sonhos, por ouvir os sonhos de outras pessoas e também por narrar os nossos próprios sonhos; mas geralmente falta a explicação racional, assim como inexiste a capacidade de guiar a vida em estado de vigília de modo que os sonhos possam ser controlados.
 
Todos os sonhos, desde os que têm uma causa fisiológica até os mais elevados, que são capazes de revolucionar a vida pessoal,  são apenas os resultados das condições ou estados de consciência. Temos que entender a nós mesmos primeiro, se quisermos entender o significado dos nossos sonhos. Os sonhos que surgem do aspecto mais elevado da nossa natureza podem dar-nos uma ajuda e uma orientação reais. Este tipo de sonhos pode ser encorajado, e, se o assunto for adequadamente compreendido, é possível também evitar os sonhos sensoriais,  que às vezes lançam uma sombra sobre toda a vida.
 
Em todos nós há três níveis de consciência – normal, subnormal e supranormal – assim como o corpo físico tem temperaturas normais, subnormais e supranormais. Nossos hábitos e nossos maneirismos, nossos preconceitos e predileções, pertencem ao nível normal e são mais ou menos os mesmos para o homem médio. Se agimos de modo infantil e mesquinho quando o curso normal das nossas vidas sofre uma interferência, ou quando não obtemos o que queremos, caímos abaixo do nível normal de inteligência. Um exemplo possível é o do homem que está acostumado a um tipo de pão e que em certa ocasião não consegue obtê-lo; se ele criar uma confusão e perder a calma por causa disso, cairá em um estado de espírito subnormal. Se aproveitar silenciosamente a oportunidade para mortificar o seu apetite, estará em um estado de espírito levemente supernormal.
 
O ser humano tem três aspectos, corporal, mental e espiritual. A própria palavra “humano” vem do termo sânscrito “Mana” ou “Manas”, que significa “mente”. O estado de espírito normal do ser humano é mental. O estado de espírito é subnormal quando um homem permite que sua inteligência seja afetada ou escravizada pelo corpo, ou por suas paixões e desejos terrestres. Quando o aspecto humano é colocado pelo menos durante algum tempo em harmonia com o Eu divino ou Espiritual, as tendências animais são controladas e o estado de espírito é supranormal.
 
Em correspondência com essa classificação tríplice, nossos sonhos são: (a) corporais ou sensórios; (b) normais; ou (c) do tipo mais elevado, experiências verdadeiramente espirituais.
 
Nossos estados de espírito são os sonhos da vida de vigília. Um estado de espírito medianamente bom corresponde a sonhos normais, um estado de espírito sensual corresponde a sonhos subnormais, e um estado de espírito elevado, como a de uma verdadeira meditação, tem a mesma substância que os sonhos puros e inspiradores. Sonhar acordado com base em fantasias é subnormal. As pessoas tecem histórias em torno de si mesmas como personagens centrais, ou têm conversas imaginárias em que elas sempre têm a última palavra, etc. A razão fica  de lado quando imaginamos estar no centro da cena. Construir castelos no ar é mera perda de tempo, e se continuamos a construí-los eles se tornam perigosos, porque a fantasia pode evoluir por canais errados, levando a práticas corporais equivocadas.
 
A fantasia é uma característica da adolescência e não deveria ser levada até a vida adulta. Na adolescência, garotos e garotas deveriam ser ajudados a  colocar suas fantasias em canais corretos. Para isso, eles devem estar rodeados de uma atmosfera de pureza, e deve ser dado um ideal nobre para a sua tendência de adorar heróis. Eles devem ter algo para fazer, de modo que não haja oportunidade para passarem muito tempo sonhando acordados. Infelizmente, nesta idade os jovens têm a permissão de ler livros indesejáveis e de ir indiscriminadamente ao cinema, o que intensifica as suas tendências subnormais. A fantasia é a antítese da verdadeira imaginação, aquela ação-de-fazer-imagens que pertence à Alma e durante a qual a Razão está extremamente ativa.
 
A diferença entre a consciência desperta e a consciência adormecida está apenas no fato de que, durante o sono, as impressões externas não existem. Não há interrupção das funções corporais orgânicas, nem da consciência corporal. A mente, no entanto,  funciona à parte do corpo físico, em um estado inteiramente subjetivo, isto é, a mente está voltada para dentro, para si mesma, e não tem consciência de quaisquer objetos que rodeiem o corpo físico.
 
Há dois tipos principais de sonhos corporais – os que são causados por desconforto corporal e os que têm como base impressões corporais causadas por indulgência errada, de fato ou em fantasia, durante a vida desperta. Nossos pensamentos e sentimentos afetam constantemente o corpo. Eles fazem o coração bater mais rápido, ou tornam a respiração irregular, ou fazem com que ela seja  rítmica. As experiências em sonhos que são reações a pensamentos tidos em estado de vigília podem ocorrer muito mais tarde, como quando uma pessoa sonha que está comendo carne, vários anos depois de adotar o vegetarianismo.
 
No homem normal, a mente está tentando libertar-se dos sonhos corporais e viver nos termos da sua própria ideação. Isso é inicialmente impossível, e por isso ele tem sonhos confusos. Quando alguma impressão do Eu Espiritual é acrescentada à mistura de sonhos mentais e corporais, pode surgir um sonho alegórico. A verdade é captada pelo cérebro, mas é distorcida por imagens corporais e mentais. 
 
A mente pura, controlada e autoconcentrada, pode receber as impressões do Eu Espiritual, e as impressões são então transferidas para o cérebro. Assim ocorrem os sonhos que são avisos, para si mesmos e para os outros, e os sonhos retrospectivos,  que descrevem encarnações passadas. Os sonhos proféticos são ainda mais elevados. Eles procedem do Eu Superior, e são possíveis mesmo durante o estado de vigília, se o corpo tiver sido mantido puro como o Templo de um Deus Vivo. Em um estado ainda mais alto de calma e concentração purificadas, o homem que possui um firme desejo de beneficiar a humanidade pode receber sonhos dos Grandes Gurus cuja religião, filosofia e ciência é a Fraternidade.
 
A coisa mais importante a lembrar é que as experiências durante os sonhos dependem da consciência em estado de vigília. Para termos sonhos elevados, devemos controlar e purificar os sentidos e estudar e meditar sobre princípios universais.
 
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Veja os textos “Sonhos”, de Helena Blavatsky, e “O Sono e os Sonhos”, de Robert Crosbie. Ambos estão disponíveis em nossos websites associados.
 
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
 
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Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
 
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