Palavras de Gratidão Aos
Pioneiros do Movimento Teosófico
 
 
Raymundo Pinto Seidl
 
 
 
Foto de teosofistas brasileiros com Mario Roso de Luna,
reproduzida de “O Theosophista”, abril de 1920, p. 252.
 
 
 
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Nota Editorial de 2018:
 
O texto a seguir foi publicado pela primeira vez
em “O Theosophista”, abril de 1920, pp. 251-252,
sem indicação do nome do autor. Foi seguramente
escrito por Raymundo Pinto Seidl, editor da revista
e primeiro presidente da seção nacional do movimento
teosófico. Título original: “Palavras de Gratidão”.
  
O texto e a legenda original da foto que o ilustra
documentam a forte participação de oficiais do
Exército nas origens do movimento teosófico brasileiro.
 
Agradecemos a colaboração editorial do pesquisador
Ailton Santoro, atual presidente  da Loja Rio de Janeiro.    
 
(Carlos Cardoso Aveline)
 
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Comemora a 28 deste mês a Loja teosófica Perseverança o 10º aniversário da sua fundação.
 
Não por vanglória, mas como testemunho da gratidão pelo auxílio que os fundadores dessa loja têm recebido dos irmãos habitantes no plano físico e dos irmãos que em outro plano vivem e atuam, podem e devem, os membros da Perseverança, considerar um grande dia o da fundação dessa Loja.
 
Até então, a propaganda teosófica não tinha conseguido no Brasil romper o círculo de indiferença traçado pela rotina e pelo interesse em torno de todas as ideias que divergem das opiniões consagradas pela maioria.
 
Os esforços de um núcleo de estudantes de Teosofia já conseguira fundar, em 1902, uma loja na cidade de Pelotas – a Loja Dharmah.
 
O abnegado Paulino Diamico vinha, desde anos, semeando os ensinamentos teosóficos em Porto Alegre.
 
Em Santa Catarina, segundo relata o nosso irmão K.S., no número de fevereiro da revista rio-grandense Die Selbsterziehung [1], um grupo de teosofistas alemães, os Srs. Adolf Schwab, Albert Feiss e E. Friedmann, vindos da Europa com esse objetivo, haviam tentado fundar uma Colônia Teosófica.
 
E, aqui, no Rio de Janeiro, por influência de um professor do Instituto Benjamin Constant, cunhado do teósofo argentino Sr. Sorondo, algumas senhoras e cavalheiros se reuniam semanalmente em casa de um conhecido clínico de Botafogo para estudarem Teosofia.
 
Tudo isto constituía trabalhos preparatórios valiosos, porém esparsos, sem conexão.
 
Não havia chegado o momento de se enfeixarem esses esforços.
 
A feliz oportunidade para isso surgiu com a fundação da Loja Perseverança. Criado na capital da República, esse foco de irradiação dos ensinamentos teosóficos pôde em breve ver surgirem em outras cidades do Brasil novos focos idênticos.
 
E a luz dos Mestres começou a expandir-se em todo território nacional, num terreno que os nossos irmãos espíritas haviam desbravado, com uma coragem e uma constância dignas da grande causa espiritualista.
 
Sem o trabalho desses primeiros, desses valorosos vanguardeiros do Neoespiritualismo, ainda mais difícil do que tem sido, seria o surto e desenvolvimento da propaganda teosófica. É preciso que proclamemos bem alto essa verdade.
 
Outra coisa também digna de registro é que o movimento benéfico que terminou pela fundação da loja Perseverança teve início nas conferências realizadas nesta capital, pelo eminente filósofo e astrônomo Dr. Mario Roso de Luna, de 7 a 14 de março de 1910.
 
O anúncio dessas conferências fez com que acorressem ao salão nobre da Associação dos Empregados do Comércio muitos estudantes de Teosofia, quase todos conhecedores da Doutrina, graças à magistral obra de Aimée Blech “A Ceux qui Souffrent” [2], em boa hora traduzida pelo benemérito irmão Henrique Serra.  O verbo ardente de Roso de Luna ressoou no ambiente como um verdadeiro toque de reunir. Com o perpassar dos anos, cada vez melhor avaliamos os benefícios resultantes da vinda e da permanência de Roso de Luna ao Rio de Janeiro.
 
E como esse benefício foi devido ao nosso caro irmão Capitão de Fragata reformado da Marinha Argentina Frederico Washington Fernandes, e aos dignos irmãos cujos retratos figuram no grupo fotográfico com que ornamentamos hoje as nossas colunas, grupo em que infelizmente faltam os retratos do falecido general Bellarmino de Mendonça e do tenente-coronel Bernardino do Amaral, a todos esses nossos irmãos se devem tornar extensivos, embora num grau menor, os agradecimentos devidos ao benemérito apóstolo Roso de Luna.
 
NOTAS:
 
[1] “A Autoeducação”.
 
[2] “Aos que sofrem”.
 
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Veja em nossos websites o livro “O Duque de Caxias”, de Raymundo Pinto Seidl, e também o documento histórico “Carta de Seidl Para Gervásio, Sem Data”.
 
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Em 14 de setembro de 2016,  um grupo de estudantes decidiu criar a Loja Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um futuro saudável
 
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